NUM MUNDO SEM TRUMP

30 Novembro 2020

NUM MUNDO SEM TRUMP

Joe Biden foi eleito este mês o 46º presidente dos Estados Unidos. Para trás deixa uma administração de Donald Trump que acumulou propostas polémicas e atritos internacionais. No mundo espera-se mudança, sobretudo, na forma de liderar.

trump-going-down

Mas o que pode mudar com a chegada de Joe Biden à Casa Branca?

Na economia dos EUA, a expectativa é que se assista a uma descida dos impostos e que, apesar de um pacote de estímulo fiscal mais modesto, as medidas dêem um novo fôlego à economia americana com impacto positivo na dívida pública e uma menor pressão sobre o endividamento do país.

A nível social, o combate à pandemia COVID-19 é a prioridade. Biden terá que agir rápido na implementação de novas medidas de contenção do coronavírus no país, o mais afectado a nível mundial, e já deu sinais de nova abertura ao diálogo com agências e órgãos internacionais, como a própria Organização Mundial da Saúde (OMS).

Se nas manifestações anti-racistas decorrentes do movimento Black Lives Matter, Trump adotou sempre uma postura intransigente, criticando os manifestantes e exigindo a aplicação “da lei e da ordem”, Biden aproveitou o contexto de revolta para sugerir reformas no sistema judicial e criar maneiras de incentivar as minorias por meio de programas económicos e sociais.

Nas questões da emigração, fica a certeza de que a política emigratória é determinante para a estabilidade social e económica e que a segurança nas fronteiras, para além de necessária é urgente. No entanto, Biden deixa a garantia que essa estabilidade e segurança não se consegue por via da construção de muros.

Face à importância da economia do EUA a nível mundial, a previsão de um crescimento económico potencia um ambiente externo favorável a países de todo o mundo, principalmente os emergentes. Biden quer manter as relações internacionais em bom nível, diferente do seu antecessor. Na era Trump, o multilateralismo, foi diminuído drasticamente, verificando-se inclusive a ruptura de relações entre o país e órgãos mundiais como a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Os europeus também esperam a retomada das negociações do acordo comercial com os americanos. O que também é um alerta para o Mercosul acelerar o seu acordo com os europeus. Outra mudança aguardada é a redução dos conflitos entre os EUA e a China, que deve melhorar as negociações comerciais, certamente algo positivo para a economia global.

Na agenda ambiental, Biden já afirmou que vai recolocar os Estados Unidos no Acordo de Paris, que estipula a redução de 28% na emissão de gases do efeito estufa até 2025. Recorde-se que recentemente Donald Trump tinha retirado os EUA do acordo. O presidente eleito pretende restaurar os planos para tornar a matriz energética dos EUA mais ecologicamente correta e reduzir a dependência de combustíveis poluentes.

Trump foi duro com o mercado tecnológico. O exemplo mais claro são as restrições e sanções impostas à Huawei pela administração de Trump, mas também outras empresas como a Apple e o Facebook já tiveram algum género de entrave com a ainda atual administração do país. Portugal não saiu imune nestas polémicas. Trump ameaçou com a perda de apoios americanos estratégicos, caso a Huawei avançasse no 5G e a construção do terminal de Sines fosse entregue a uma empresa chinesa.

Como será com Biden? A mensagem é de esperança. Espera-se que a vitória traga mudanças. Para melhor!

Cláudia Martins
Gestão de Projetos